Com uma produção anual estimada em 33.000 kg de pescado, o município de Chiapetta vem buscando destaque na área da piscicultura, por meio de programas de incentivo à criação de peixes. A atividade não é considerada a principal nas propriedades rurais, já que a agricultura é predominante, porém agrega valor à renda de diversas famílias que tem a piscicultura como uma alternativa a mais.
Muitas iniciativas de estímulo a piscicultura estão sendo postas em prática. A primeira delas é a Feira do Peixe Vivo. Realizada ao longo do ano, a comercialização é feita na Feira do Produtor, a partir da parceria com os agricultores, proporcionando a oportunidade de venda da produção excedente. Em dois anos, a Feira do Peixe Vivo já movimentou a venda de 5.320 kg de pescado.
No próximo dia 13 de abril, o agricultor familiar Ernesto Goetz, da localidade de Linha Modesta, pretende realizar a despesca e vender a produção durante a Feira do Peixe Vivo. Na propriedade se produz mandioca, batata doce e a piscicultura surgiu como uma alternativa rentável. O agricultor conta que reativou o açude de sua propriedade há dois anos e que possui as espécies Carpa Capim, Carpa Húngara e Jundiá.
Ernesto explica que a iniciativa de vender a produção de peixes no espaço da Feira e próximo a Semana Santa é interessante, pois amplia a comercialização, já que “o local é acessível para as pessoas e, como o consumidor ainda não está disciplinado para se alimentar o ano todo com peixe, a gente aproveita o período que o consumo aumenta para vender. Além disso, a Secretaria da Agricultura disponibiliza o material necessário para a realização da despesca, como redes, balança e tanques com oxigenação”. Goetz revela que será sua primeira feira e espera vender cerca de 1.500 kg de peixe vivo.
Outra iniciativa que vai ao encontro dos produtores é o Programa de Incentivo a Piscicultura, que prevê desconto de até 50% no valor pago por alevino. Após a aprovação da Lei Municipal, 10 mil alevinos foram entregues para agricultores familiares, estimulando assim a diversificação da produção e o povoamento de peixes nos açudes. De acordo com a Emater, no município, a área total utilizada para a piscicultura é de aproximadamente 100 hectares.
O agricultor Maurício Nicoletti Schäfer viu na área de cerca de 1 hectare, localizada nos fundos de sua propriedade em Linha Nova, a possibilidade de aumentar a renda familiar. Schäfer explica que o local era improdutivo para o cultivo de grãos, pois está situado em um banhado, assim optou pela alternativa da piscicultura, “plantava soja, milho e não colhia quase nada, aí resolvi instalar os tanques, já que o local é apropriado”.
A atividade na propriedade do agricultor é recente. Ele conta que construiu seis tanques, mas no momento, somente dois deles estão ativos. “Esse é o primeiro passo, pretendo com o tempo investir e ampliar a produção”, acrescenta. Para dar início, foram adquiridos 800 alevinos das espécies Carpa Capim e Cabeça Grande, por meio do programa da prefeitura, do qual ele avalia ser uma iniciativa muito positiva. A alimentação dos peixes é feita a partir da alfafa produzida na propriedade e ração. A expectativa é de que em dois anos já se possa iniciar a comercialização.
Em processo de criação no município, a Agroindústria de Pescados – Agropeixe. O empreendimento em processo de estruturação e legalização será implantado nas propriedades das famílias Danelli e Ferreira, situadas na Comunidade Novo Horizonte. Com seis tanques construídos, a previsão é de que, após a legalização, sejam comercializados de 100 a 200 mil kg por ano, com possibilidade de expansão, vindo posteriormente agregar mais produtores interessados na produção. Os empreendedores pretendem abastecer o mercado municipal e também expandir a venda para outros municípios da região e estado, a partir da adesão ao SUSAF, da qual o município de Chiapetta já faz parte.
Anterior a iniciativa da construção de uma agroindústria de pescados, a propriedade já vinha desenvolvendo a piscicultura por meio da venda direta ao consumidor, ou seja, através da realização de pesque-pague e comercialização do peixe vivo.
A Secretaria Municipal da Agricultura também vem desenvolvendo o Projeto de Repovoamento dos Rios, iniciativa de preservação da fauna e que também proporciona peixes para atender a pesca no município. A ação conta com a ajuda de pessoas e empresas, denominados “Parceiros dos Rios”, que colaboram com o projeto, doando valores para a compra de alevinos. Até o momento, 6.500 alevinos nativos de várias espécies foram introduzidos em sangas e rios.